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Preparando e testando cargas para Rifle

Atualizado: 4 de jan. de 2021


Por Milton Miyatake.



Estudo brilhantemente elaborado e cedido por Milton Miyatake, um dos maiores estudiosos de recarga de munições para rifle no Brasil. Atirador de F-Class e excelente atleta. Não menos importante, dedicado esposo da nossa querida Ivone, eterno pai do Igui (in memoriam) e nosso grande amigo.


Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem autorização prévia do autor. (Lei 9.610/98)




TESTANDO CARGAS PARA RIFLE



Introdução


Gostaria de esclarecer que o que está sendo relatado aqui não é uma verdade absoluta, nem uma forma única e absoluta de recarga e testes, mas apenas uma experiência minha.

Os insumos utilizados foram estojos Lapua Palma .308 Win, projéteis Berger Juggernaut 185 grain, Pólvora CBC 102 e espoletas CBC 7 ½ (Small Rifle).





O objetivo é obter o menor agrupamento possível que o equipamento permita, com menor uso possível de insumos.

As cargas iniciais foram pesadas em uma Balança A&D FX120i com precisão de 0,001 gramas, com o Kit Autotricker e a recarga em campo foram efetuados com um dispenser Hornady com precisão de +- 0,1 grain , portanto podemos ter um range de até 0,3 grain, mas acredito pelos testes anteriores que essa variação na massa da pólvora não chega a alterar o POI - Point Of Impact, ponto de impacto, para termos uma ideia da variação, segundo o Thomas Speedy Gonzalez, armeiro e atirador americano de Extreme Long Range, é aconselhável trabalhar com variação de 0,5 grain e se for o caso refinar com 0,3 grain para cima e para baixo.

Os testes iniciais foram executados com o projetil tocando o inicio do raiamento medidos com uma ferramenta da Hornady (Hornady OAL Gauge), com estojos padrão da Hornady, sem fire-form.








Foram previamente escolhidas as cargas com:









Desta vez não foi utilizado a carga com o famoso “magic number” de 38,0 gr porque o rifle em testes anteriores estabilizaram o projétil com 40,5 gr de CBC 102, mas esse lote de pólvora é diferente dos testes anteriores e devido a erosão de parte do raiamento logo após o Throat, foi necessário refazer a câmara e aproveitando que o cano já estava solto, foi refeito a coroa, procedimento necessário após 1.500 tiros, sendo que o ideal seria a troca do cano por um novo, mas devido a dificuldade de importação temos de reaproveitar o cano.

A nova câmara apresentou propositalmente um Throat um pouco mais curto que o anterior e o projetil Berger Juggernauttocou a raia em 2,328” realizadas 4 medições e os mesmo apresentaram sempre as mesmas medidas.

Foram carregadas 5 munições com 40,5 grain para aquecer e sujar o cano e ajustar a luneta e somente 3 munições de cada carga para economizar um pouco os escassos projeteis Berger, porque o correto é efetuar 5 disparos para verificar o agrupamento.

O planejamento para os jump será efetuado em passos de 0,008”, porque essa distancia além de considerar a tolerância do paquímetro utilizado, é mais perceptível a variação no agrupamento do que se realizando em passos de 0,005”, então teremos a priori os testes com:

















Depois de encontrado a carga, utilizando o dispenser Hornady com a bateria de 12 volts com a voltagem convertida para 9 volts, na verdade 8,8 volts, será utilizado para efetuar a recarga com a carga encontrada e efetuarmos os ajustes de jump,por tratar-se de projeteis tangentes costumam trabalhar melhor afastados do inicio do raiamento, os secantes costumam funcionar bem dentro do raiamento, mas essa regra pode ser quebrada em alguns casos, sempre é necessário realizar os testes, os rifles parecem ter uma vida própria e “gostarem” de uma determina carga e jump variando muito, mesmo em rifles iguais com numero de série sequencial.

Para os testes em campo é muito mais confortável utilizar o conjunto de Prensa da Arbor Press e os dies da LE Wilson Inc.





O rifle é baseado em uma ação do tipo Remington 700, bolt PTG revestido com cromo duro, gatilho Ancshutz com 60 gramas de peso, cano Bartlein inox 5R agora com 29”, coronha feito em CNC em alumínio aeroespacial que apresenta extrema rigidez, sem o check piece e um bipé SEB Joypod, com esqui da Phoenix, que são um pouco mais estáveis que o original. A câmara foi refeita utilizando-se um Reamer da PTG no mesmo padrão do Thomas “Speedy” Gonzalez e efetuado o polimento, mas nem todo segredo do famoso armeiro norte americano pode ser reproduzido por aqui.

Para as medições de velocidade foi utilizado um equipamento da LabRadar, que mede as velocidades através de radar Doppler, efetuando o calculo do SD ( standard deviation), ES (Extreme Spread) e Average, além de mostrar a velocidade em 5 distancias diferente selecionadas no menu,


Inicio dos testes

Os testes foram efetuados no CTMA, com uma temperatura de 28º graus centigrados e no dia os ventos estavam fortes, mas nada que pudessem influencia muito nos testes, sendo necessário as vezes parar e esperar o vento diminuir para poder atirar novamente.

Os resultados preliminares foram:





Abaixo o registro das velocidades e avaliação estatísticas realizados pelo LabRadar. Lembramos que o ideal é obter SD ( Std Dev) com um dígito.

O numero marcado no alvo em vermelho corresponde a tabela abaixo:






Analisando os alvos, nota-se que a carga de 41,0 gr apresentou um agrupamento menor do que os restantes das cargas.




A medição foi efetuada com o App Sub-Moa.


Agora foram efetuados testes com a carga de 41,0 grain e 3 disparos ainda, com os jump de:


Os alvos com carga de 41,0 gr e variação de jump são os abaixo:


O número marcado no alvo em vermelho corresponde a tabela abaixo:



O alvo numero 07 foi realizado com jump de 0,008” e o alvo numero 08 com jump de 0,016”, os alvos 09 e 10 foram realizados com a mesma carga de 41,0 gr e tocando no raiamento e por algum motivo, pode ser um erro meu ao realizar os disparos não agruparam.

No Alvo 12 foram realizados cinco disparos com carga de 41,0 gr e jump 0,000”, tocando no raiamento, e o grupo ficou, conforme a figura abaixo:





Esse resultado ainda não se apresenta satisfatório, sendo necessário um agrupamento menor do que 0,47 MOA para poder ser competitivo no FClass F-TR, apesar do X no alvo de FClass ser de ½ MOA e o 10 ser de é de 0,75 MOA a 300 metros.


Conclusão

Foi refeito a câmara e a coroa do cano, encurtando-o em 0,5”, além dos 5 tiros para ajustar a luneta nota-se que as três primeiras séries não apresentaram um SD menor que um dígito, o que não é ideal para o tiro de precisão. A carga de 41,0 gr e com o projétil tocando no raiamento é a que apresentou melhor agrupamento tanto com 3 tiros como com 5 tiros, mesmo apresentando um SD com mais de um dígito, isso se deve principalmente a precisão da balança Hornady que apresenta tolerância de + - 0,1 gr.

Aparentemente a variação vertical apresentada trata-se de uma harmônica interferindo na oscilação do cano e também pode ser um erro de acionamento meu, o que demandará mais testes para comprovação com no mínimo 10 disparos, 5 em cada alvo e também testes com carga de 41,3 gr e 40,7 gr verificando se conseguimos melhorar um pouco mais o agrupamento.

O rifle antes de ser refeito a câmara e a coroa conseguia fazer um agrupamento com 5 tiros um pouco menor do que o apresentando:



Os testes serviram para verificar que a câmara e a coroa foram bem efetuadas pelo armeiro Sr. Olney, o qual agradeço o trabalho feito.

O resultado não é ruim, mas é necessário conseguir melhorar nosso desempenho, esse é o motivo que nos leva a aprender cada vez mais e chegar a conclusão de que não existe somente uma verdade ou somente um caminho correto para chegar-se a máxima precisão possível.


Agradecimentos

Meus agradecimentos ao LS “Muska” pela paciência, informações técnicas e incentivo para realizar os testes.

Links:

Berger Bullet

Lapua

A&D Scale

AutoTricker

Hornady

Sinclair Intl

CBC

Projeteis Buffalo

PTG

SEB

Thomas “Speedy” Gonzalez


LabRadar

Extreme Long Range



Texto de autoria de Milton Miyatake.



Direitos autorais reservados. Proibida a reprodução, ainda que parcial, sem autorização prévia do autor. (Lei 9.610/98)

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